terça-feira, 3 de julho de 2018

Benfica, Portugal e coisas do Futebol (Parte II)


Continuo a minha exposição, mas com um texto sobre economia, no final encontram semelhanças entre os nossos gestores (do Benfica) e a mensagem do artigo... 
No Benfica já só veem o PIB e esquecem-se que o que nós queremos são vitorias e bom jogos. O Benfica tem de deixar de ser uma "casa de passe", vestir a camisola do Benfica tem de ser algo muito EXCEPCIONAL, só os excepcionais podem fazê-lo, sendo que quem o faz tem de se sentir EXCEPCIONAL, porque para nós Benfiquistas, os que entram no campo são os melhores jogadores do mundo.
Sr. Luís Filipe Vieira, pode se faz favor, entender isso... pare com os treinos de captações, obrigado. 

PIB ou FIB

"PIB, como todos devem saber, é o produto interno bruto. Para o comum dos mortais que não fazem contas macroeconómicas, trata-se da diferença entre aparecerem novas oportunidades de emprego (PIB em alta) ou ameaças de desemprego (PIB em baixa), sendo que hodiernamente devemos falar em oportunidades para ganhar dinheiro e não trabalhar.
Para o governo, é a diferença entre ganhar uma eleição e perdê-la. Para os jornalistas, é uma óptima oportunidade para darem a impressão de entenderem do que se trata. Para os que se preocupam com a destruição do meio ambiente, é uma causa do desespero. Para o signatário, é um perfeito anacronismo.
Peguemos o exemplo de uma alternativa contabilística que poderemos designar por FIB, a que chamaremos felicidade interna bruta. Podemos também chamar-lhe de felicidade interna líquida.
O ponto principal reside na constante essencial de ver o comportamento económico ser calculado sem levar em conta - ou muito parcialmente - os interesses da população e a sustentabilidade ambiental. Como pode-se dizer que a economia vai bem, ainda que o povo vá mal? Então a economia serve para quê?
A medição da riqueza de um povo tem obrigatoriamente de ter critérios mais aptos a torná-la num resultado que seja mais compreensível e analisável por todos e por cada um de 'per si'.
Indicadores como os Indicadores de Desenvolvimento Humano podem e devem ser utilizados para que se efectuem cálculos económicos mais rigorosos e que espelhem a verdadeira realidade social e económica.
No entanto, deve ser criado juntamente com estes indicadores o indicador da inteligência humana e o indicador da sensatez humana. Estes dois indicadores mostrarão a evolução geracional de uma sociedade contrapondo idades, culturas e formação moral traduzida em realidade económica.
As limitações do PIB aparecem facilmente através de exemplos. Um paradoxo levantado por Viveret, por exemplo, é que quando o navio petroleiro Exxon Valdez naufragou nas costas do Alasca, foi necessário contratar inúmeras empresas para limpar as costas, o que elevou fortemente o PIB da região. Como pode a destruição ambiental aumentar o PIB? Simplesmente porque o PIB calcula o volume de actividades económicas, e não se são úteis ou nocivas. O PIB mede o fluxo de meios, não o atingimento dos fins. Na metodologia actual, a poluição aparece como sendo óptima para a economia.
Por isso tudo o que é porcaria desde que produza algo faz aumentar o PIB.
Mas para o cálculo do PIB também não concorre o esgotamento dos bem naturais que são consumidos desenfreadamente por toda a população mundial.
Quando um país explora o seu petróleo, isto é apresentado como eficiência económica, pois aumenta o PIB. Mas em bom rigor ninguém está a produzir petróleo nenhum, está antes é a consumir bens naturais que são aproveitados e gastos como energia.
Em termos técnicos, é uma contabilidade grosseiramente errada.
Esta perversão aparece mais que evidenciada no caso de uma instituição de acolhimento de crianças de idade menor, dando-lhes cuidados de saúde e actuando na prevenção das doenças, nas regiões onde trabalham, permitindo uma redução da mortalidade infantil, e das hospitalizações. Com isto, menos crianças ficam doentes, o que significa que se consome menos medicamentos, que se usa menos serviços hospitalares, e que as famílias vivem mais felizes. Mas o resultado do ponto de vista das contas económicas é completamente diferente: ao cair o consumo de medicamentos, o uso de ambulâncias, de hospitais e de horas de médicos, reduz-se também o PIB. Mas o objectivo é aumentar o PIB ou melhorar a saúde (e o bem-estar) das famílias?
Tudo isto faz parte dos estúpidos modelos em que vivemos, mas que ninguém se preocupa em mudar, essencialmente por questões ligadas a egos, emoções e sentimentos.
O ódio é tanto e tão espelhado com uma vontade de ganância desmesurada de chegar a um 'Já te tramei', que ficam todos cegos perante o que deveria reger o comportamento das pessoas, mas já não rege!"

Pragal Colaço, in O Benfica

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